Polícia Federal investiga maior fraude eleitoral já ocorrida no Maranhão


Ações da Polícia Federal e o esquema de fraude

A Polícia Federal de Caxias atuou intensamente durante as últimas eleições, com agentes trabalhando dia e noite para garantir a lisura do pleito. No entanto, o esforço não foi suficiente para impedir a ação de uma quadrilha composta por políticos, empresários e servidores públicos, que se organizou para fraudar as eleições municipais.

Pesquisas eleitorais registradas na Justiça Eleitoral e divulgadas ao longo da campanha indicavam como certa a eleição do candidato da oposição, Paulo Marinho Júnior (PL). A diferença, segundo as pesquisas, superava 20%, o que projetava uma vantagem de mais de dez mil votos em simulações conservadoras e quinze mil votos nas mais otimistas. A eleição parecia tranquila e definida, mas foi interferida por uma organização criminosa (OCRIM) que, de forma organizada e planejada, alterou a vontade popular. Os processos ilegais e procedimentos estão sendo apurados nos inquéritos IPL2024.009673-D e IPL 2025.0027780, já instaurados no âmbito da Delegacia da Polícia Federal em Caxias.


Envolvimento do ex-prefeito e outros operadores

De acordo com as apurações da Polícia Federal, o ex-prefeito Fábio Gentil, atualmente secretário de agricultura do governo Carlos Brandão, chefiou um grupo que visava fraudar as eleições. Entre os líderes do grupo estavam Othon Maranhão, então secretário de Governo da Prefeitura de Caxias, e o vereador eleito Mario Assunção.

O esquema de fraudes incluía a compra de votos na zona rural da cidade, a compra de apoio de cabos eleitorais, a realização de obras em propriedades rurais em troca de votos, a distribuição de cestas básicas em troca de votos, além da farta oferta de empregos na Prefeitura de Caxias em troca de votos e sustentação política ao candidato Gentil Neto.

Além de Mario Assunção, a PF constatou a presença de vários operadores no processo de compra de votos, o que caracteriza a formação de quadrilha. A apreensão de celulares e a degravação das conversas revelaram os esquemas e os métodos utilizados na campanha.


Os operadores do esquema que fraudou as eleições de Caxias

Segundo os Inquéritos Policiais (IPs) da Polícia Federal, Mario Assunção, Victoria Azevedo, João Victor, Lucas Lima, Rai Queiroz, Marlon Ponte, Daniel Veras, Gleydson, Léo Dirmo, Josué, Adilson, Yehud Magda, Dayane Castro, Francisca do Box, Maria da Conceição, Othon Maranhão, Maurício Oliveira Gomes, David Lobato e Luciana eram operadores da quadrilha liderada pelo ex-prefeito Fábio Gentil, que “fechava” os acordos de apoio financeiro em troca dos votos. Pix enviados e conversas degravadas dos envolvidos comprovam os fatos.


A atuação de Mario Assunção na cooptação de apoios

A PF flagrou conversas do vereador Mario Assunção autorizando a compra de votos, determinando o envio de Pix para cabos eleitorais destinados a compra de votos, e a tentativa de compra da candidata a vereadora Andressa pela quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Segundo a PF e conforme consta nas conversas obtidas nos celulares, Mario Assunção coordenava a compra de supostos apoiadores de Paulinho com o intuito de fazê-los “mudar de lado” e, assim, garantir a eleição do candidato Gentil Neto.

Segundo fonte deste blog, as fontes financeiras da quadrilha provinham de Othon Maranhão, que “arrecadava” dinheiro de empreiteiros e fornecedores da Prefeitura de Caxias. Há também evidências de dinheiro sacado de contas da Prefeitura de Caxias, diretamente no caixa. Fábio Gentil também mantinha um “caixa” próprio, oriundo de dinheiro ilícito recebido de fornecedores de medicamentos, construtoras, vendedores de livros e até de operadores financeiros de apostas online (“bets”) envolvidos com o tráfico de drogas na região. Esse dinheiro ilícito era encaminhado a operadores e candidatos a vereador para dar “gás” na campanha eleitoral de Gentil Neto.

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Conversas da “operadora” do esquema Victoria Azevedo com Gentil Neto demonstram o envolvimento do candidato no processo de fraude. Victoria, atualmente “braço direito” de Gentil Neto, era uma das principais repassadoras do dinheiro ilícito aos compradores de voto, segundo degravação do celular da envolvida.


Vazamento de informações por parte de advogados

Segundo a PF, o advogado James Lobo, atual Procurador do Município, orientou Victoria Azevedo a apagar as conversas do celular ou a “sumir” com o aparelho para que este não fosse apreendido pela PF. Há evidências também de que os advogados de Gentil Neto em São Luís, que acessaram remotamente o IP, teriam “vazado” a operação Farâmbulo, e os mandados de busca e apreensão autorizados teriam chegado ao conhecimento da quadrilha antes da operação acontecer o que resultou no ‘apagamento’ de conversas nos celulares dos envolvidos conforme já apurado pela PF. O fato, gravíssimo, poderá ser apurado no âmbito do inquérito policial em andamento.

A Polícia Federal está dando prosseguimento as investigações, as provas materiais obtidas servirão ao Ministério Público Eleitoral no sentido de que como fiscal da lei restabeleça a ordem e evite que a fraude seja regra nas Eleições Municipais do Maranhão.

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