Polícia Federal diz que Nutrimax pulou de R$ 1 milhão para faturamento de R$ 40 milhões após ganhar contrato com Braide

Empresário Eduardo Soares Viana, conhecido entre os mais amigos pelo apelido de "D'Brinco", dono da empresa Nutrimax LTDA.

Empresário Eduardo Soares Viana, conhecido entre os mais amigos pelo apelido de “D’Brinco”, dono da empresa Nutrimax LTDA.

Por Domingos Costa

O empresário Eduardo Soares Viana (foto), conhecido entre os amigos pelo apelido de “D’Brinco” é citado e também investigado pela Polícia Federal por suspeita de desvio de recursos públicos.

A informação consta no Relatório de Diligência nº 2025.0105977, assinado pelo Delegado de Polícia Federal, Ellison Cocino Correia.

Conforme o documento, a empresa de “D’Brinco”, Nutrimax LTDA, enviou para uma empresa de fachada, JNUNES ALIMENTOS LTDA, o valor de R$ 335.000,00 (trezentos e trinta e cinco mil reais) apenas um mês após a “firma” ser criada.

O Relatório de Inteligência Financeira (RIF) da Polícia Federal, levanta a suspeita de que a Nutrimax LTDA, registrada no bairro Recanto dos Vinhais em São Luís, estaria encaminhando recursos, cuja origem seria de dinheiro público, para a empresa JNUNES ALIMENTOS LTDA, que por sua vez, sacaria os valores com o intuito de ocultar o seu destino e facilitar posterior lavagem desses valores.

– Dinheiro apreendido na porta do Banco Brasil

A descoberta da Polícia Federal em relação a empresa Nutrimax ocorreu no dia 26 de setembro de 2025, após análise e apuração da suspeita de crimes de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro que estariam em curso na cidade de São Luís.

Nesse instante, agentes da PF fizeram “tocaia” na Agência do Banco do Brasil da Avenida Daniel de La Touche, bairro do Parque Shalom e prenderam dois homens: Alisson Mateus Frazão Araújo e Renan Bernardo Araújo, conhecido como “Lorde”.

Com eles, a Federal encontrou R$250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais) em espécie que tinha acabado de ser sacado. De acordo com a Polícia Federal, “Lorde”, é proprietário de sete empresas de fachada, todas elas constituídas durante o período de 2023 a 2025.

O Delegado Ellison Cocino aponta que o dinheiro apreendido com a dupla saiu da conta da JNUNES ALIMENTOS LTDA, cujo sócio é Alisson Mateus Frazão Araújo. A empresa foi constituída em 12 agosto 2025, ou seja, há pouco mais de um mês da apreensão.

Para a PF, a empresa J Nunes Alimentos Ltda é apenas de fachada e foi criada para recebimento de recursos de outros fornecedores que possuem esse tipo de contrato com entes públicos.

A dupla de “sacadores” usou uma caminhonete branca e estava entrando e saindo da instituição bancária portando mochilas. A PF diz que eles fizeram transações financeiras de natureza aparentemente espúria, inclusive com provisionamento de saques no valor de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), de forma fracionada em R$ 500 mil por saque, durante o período de 22 a 25 de setembro, da seguinte forma: dia 22/09 – R$ 500.000,00; dia 23/09 – R$ 500.000,00; dia 24/09 – R$ 500.000,00; e dia 25/09 – R$ 500.000,00.

– “D’Brinco” transferiu dinheiro JNUNES ALIMENTOS LTDA

Ainda mediante o RIF, uma das empresas que transferiu dinheiro para a empresa de fachada “JNUNES ALIMENTOS LTDA” foi exatamente a Nutrimax LTDA, cujo dono é Eduardo Soares Viana.

Em seu relatório, o delegado Ellison diz que apesar de seu breve período de existência, a empresa “JNUNES ALIMENTOS LTDA” movimentou no período de apenas 15 dias – 14 agosto de 2025 e 01 setembro de 2025 -, o montante de R$3.295.742,00 (três milhões duzentos e noventa e cinco mil setecentos e quarenta e dois reais). Desse total, o valor de de R$ 335.000,00 (trezentos e trinta e cinco mil reais) foi transferido pela empresa de “D’Brinco” por razões que ainda estão sendo investigadas.

– Contrato com a gestão Braide 

Ademais, a PF identificou que a empresa NUTRIMAX LTDA teve um aumento expressivo no seu faturamento, passando de R$1.051.000,00 (um milhão e cinquenta e um mil reais) em 02/2022 para R$39.924.653,23 (trinta e nove milhões seiscentos e cinquenta e três reais e vinte e três centavos) em 11/2024, período que coincide com o contrato selado com a gestão do prefeito Eduardo Braide na prefeitura de São Luís.

“Sua movimentação a crédito no período entre 01/10/2025 e 14/09/2025 foi de R$169.463.276,76 (cento e sessenta e nove milhões quatrocentos e sessenta e três reais duzentos e setenta e seis reais e setenta e seis centavos). O principal remetente foi de R$ 15.513.948,10 – FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO LUÍS/MA. Em consulta ao Portal da Transferência de São Luís/MA foi possível identificar que esse valor é referente ao contrato 178/2024, que tem como objeto “a Contratação Emergencial de empresa especializada na Prestação de Serviços contínuos de nutrição e alimentação hospitalar. Oportuno pontuar que a contratação se deu na modalidade DISPENSA DE LICITAÇÃO”, diz o Relatório da PF.

Por fim, o Relatório de Inteligência Financeira (RIF) da Polícia Federal diz que além das suspeitas mencionadas a empresa NUTRIMAX LTDA também foi alvo de outras comunicações do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), por diversos motivos, dentre eles:

“1 – movimentação de valores incompatíveis com o faturamento mensal das pessoas jurídicas. Banco Central do Brasil – Carta-Circular nº 4.001/2020, art. 1º; 2 – depósitos, aportes, saques, pedidos de provisionamento para saque ou qualquer outro instrumento de transferência de recursos em espécie, que apresentem atipicidade em relação à atividade econômica do cliente ou incompatibilidade com a sua capacidade financeira. Banco Central do Brasil – Carta-Circular nº 4.001/2020, art. 1º; 3 –  movimentação de valores incompatíveis com o faturamento mensal das pessoas jurídicas. Banco Central do Brasil – Carta-Circular nº 4.001/2020, art. 1º”, completa o relatório.

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